A MELATONINA E O SONO

Alguma vez você já se perguntou por que precisamos dormir todos os dias?

A grande maioria dos seres vivos possui um ritmo biológico que governa diversas funções de suas vidas.

Há quase 300 anos, o geofísico e astrônomo francês Jean-Jacques d’Ortous de Mairan levou ao porão de sua casa alguns arbustos da espécie Mimosa pudica, conhecida popularmente como dormideira. Para sua surpresa, a planta – conhecida por se abrir durante o período claro do dia e se fechar à noite – repetiu o mecanismo mesmo na ausência da luz solar. Seria a primeira vez em que um cientista atentaria para a existência de um ritmo biológico nos seres vivos, independente dos estímulos externos.

No caso dos seres humanos esse ciclo biológico dura pouco mais de 24 horas e por isso foi chamado de ritmo circadiano, ou seja, “cerca de uma dia” do latim cerca diem.

Para que isso ocorra, nossas células possuem um relógio biológico e várias funções do corpo humano, como produção de hormônios, temperatura interna, atenção, humor, disposição física, entre várias outras variam ao longo das 24 horas do dia.

O comando central encontra-se no sistema nervoso central no Núcleo Supra-Quiasmático que tem o papel de sincronizar o relógio biológico de todas as demais células para que estejam no mesmo compasso.

Nosso sono também obedece a esse ritmo circadiano, sendo o ciclo claro-escuro da luz solar o principal estímulo externo que faz com que tenhamos que dormir periodicamente.

Um segundo importante fator que aumenta a pressão do sono fazendo com que tenhamos necessidade de dormir é o acúmulo de uma substância chamada adenosina.

A cafeína inibe o sono pois ocupa os receptores da adenosina no cérebro reduzindo essa pressão do sono.

A melatonina é uma substância produzida pelo nosso corpo e sua concentração no sangue começa a aumentar à medida que reduz a luz solar ao entardecer, atingindo o pico máximo por volta de 04:00 horas da manhã.

Sua principal função biológica não é nos fazer dormir mas sim informar a todas as demais células do organismo de que a noite chegou e portanto, é hora de dormir.

Portanto, seu efeito como indutor de sono é fraco, sendo que seu maior benefício é nos casos de jet lag (diferença de horário entre o local onde estamos e nosso relógio biológico quando viajamos para locais com diferença de fuso horário), facilitando e acelerando o ajuste de nosso relógio biológico ao horário externo.

Ficou com dúvidas ou tem um comentário? Entre em contato.

Dr. Silvio Musman – médico especialista em pneumologia, medicina do exercício e do sono.

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